As transformações aceleradas pela pandemia de Covid-19 transformaram o mercado livre no principal vetor de expansão do setor de geração de energia elétrica no Brasil.
A conclusão é da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), que publicou em fevereiro de 2021 um estudo mostrando que os efeitos da pandemia impulsionaram a ampliação do Ambiente de Contratação Livre (ACL), que hoje já responde por 72% do parque gerador em construção no país.
Atualmente, 66% dos mais de 34,5 GW previstos para o horizonte 2021-2025 serão destinados exclusivamente para o ACL, enquanto outros 6% correspondem à parcela livre de usinas que também vendem energia no Ambiente de Contratação Regulada (ACR).
Choque de demanda
Esses índices representam uma grande mudança para o mercado de compra e venda de energia brasileiro.
Para se ter uma ideia, até julho de 2019 a Abraceel estimava que apenas 34% da geração de eletricidade em construção seria destinada ao mercado livre.
Dezoito meses depois, a pandemia da Covid-19 fez com que essa realidade mudasse radicalmente, acelerando uma série de transformações no setor elétrico.
Segundo a análise da entidade, a pandemia causou um brusco choque de demanda que forçou a suspensão dos leilões regulados (ACR).
Enquanto isso, por ser mais competitivo, o ACL se consolidou como solução tanto para consumidores quanto para geradores. Nesse meio tempo, houve um aumento expressivo da migração e da confiança dos agentes nesse mercado.
O resultado desse movimento?
Se em 2019 a previsão era de que o mercado livre receberia cerca de R$ 33 bilhões de investimentos até 2023, atualmente estima-se que esses investimentos podem chegar a R$ 100 bilhões até 2025.
Isso equivale a 70,4% do total de investimentos previstos para a geração de energia no Brasil até essa data.
Apenas em 2023, a expectativa é de que 89% da geração prevista para entrar em funcionamento naquele ano será destinada ao mercado livre
Com isso, ficam evidentes as oportunidades que o ACL representa para geradores e consumidores.
Mercado livre é o futuro da compra e venda de energia
Segundo a Abraceel, o fato de poder comprar de fornecedores locais e diferentes fontes energéticas pode reduzir em até 30% o preço da energia para o usuário final.
Isso tem atraído cada vez mais consumidores para o mercado livre.
Somente em 2020, o fluxo de migração de consumidores para o ACL aumentou em 20%. E essa parece ser a tendência para os próximos anos.
Recentemente, o presidente da Eletrobrás, Wilson Ferreira Júnior, afirmou que o ACL deverá representar 50% do consumo brasileiro até 2030.
Com isso, ele abrangeria todo o consumo industrial e comercial de grande porte e possivelmente o residencial de maior consumo.
Segundo Ferreira, há um movimento de segmentação que vem sendo observado pelos agentes de comercialização e customização dos contratos e serviços no mercado livre, para melhor atendimento do consumidor.
Isso sem contar com o aumento no interesse por energia certificada proveniente de fontes renováveis.
Regulamentação urgente
De acordo com as regras atuais do mercado livre de energia, o acesso a essa modalidade de negociação ainda é restrito para a maior parte dos consumidores.
Quem consome entre 500 kW e 1.500 kW pode comprar energia no ACL, desde que seja de fornecedores com geração a partir de fontes que recebam estímulos, como solar, eólica, biomassa ou pequenas centrais hidrelétricas.
Mas apenas empresas que gastam acima de 1.500 mil W por mês podem escolher seu próprio fornecedor com total liberdade.
Em um futuro próximo, espera-se que a possibilidade seja estendida para as residências, cujo consumo médio fica em torno de 150 W/mês.
Essa mudança, fundamental para consolidar o mercado livre de energia no país, dependerá da tramitação do Projeto de Lei 232/2016, que foi encaminhado do Senado para a Câmara dos Deputados em fevereiro de 2021.
Entre outras normas, o projeto estabelece que todos os consumidores de qualquer carga ou tensão poderão optar pelo mercado livre 42 meses após a data de sanção da lei.
O PL permite ainda que grandes consumidores, com cargas superiores a 3 mil kW, escolham livremente a portabilidade entre distribuidoras e o compartilhamento dos custos com sua migração para o ACL.
Em janeiro de 2021, a Fundação Getúlio Vargas reuniu as principais entidades que atuam no setor elétrico para um webinar intitulado “Os avanços do mercado livre de energia num ano estranho e seus próximos passos”.
Se você quiser saber mais sobre os rumos e perspectivas do ACL no país, vale a pena assistir esse debate com a participação de representantes da CCEE, da Abraceel, da Abradee, da Abrace e da Abeeólica.
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Potencial para investidores
O mercado livre de energia já é praticado em mais de 50 países, incluindo todas as nações europeias, Austrália, Nova Zelândia, Canadá e em 70% dos estados dos Estados Unidos.
Apesar do forte crescimento, no Brasil esse mercado está apenas começando a ganhar volume.
De acordo com dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), em 2020 existiam 1,5 mil empresas habilitadas para comercializar energia no ACL, atendendo mais de 8,3 mil consumidores em todo o território nacional.
Segundo a CCEE, o crescimento na base de usuários na comparação com o ano anterior foi da ordem de 22%.
A maior parte deles está nos estados de São Paulo, Pará, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina, mas a expansão do mercado livre de energia foi registrada em todas as regiões do país.
De olho na disponibilidade de energia
A expansão do ambiente de contratação livre no país vai fazer com que o mercado fique mais aberto à questão da disponibilidade de energia de acordo com a lei da oferta e demanda.
Cada vez mais, os geradores passarão a firmar contratos com prazos menores, com o objetivo de expor-se às oscilações dos preços no mercado livre em busca dos melhores negócios.
Por outro lado, o gerador assume o compromisso de garantir a disponibilidade dessa energia no prazo contratado. Caso contrário, terá que ir ao mercado livre comprar de terceiros para poder entregar o que foi estipulado no contrato.
Sabendo que a volatilidade dos preços de energia está diretamente associada à hidrologia, ao grau de armazenamento dos reservatórios e a vazão dos rios, torna-se cada vez mais necessário para o empreendedor buscar prever essas condições com a maior precisão possível.
Com informações precisas e antecipadas, tanto geradores quanto comercializadores de energia podem fazer suas negociações de uma forma mais estruturada, com riscos calculados.
Por entender que essas informações impactam diretamente na precificação da energia, a Fractal vem atuando como uma provedora de inteligência sobre as 165 grandes barragens que compõem o Sistema Interligado Nacional.
Usando esses dados para gerar estudos de disponibilidade hídrica, nós entregamos informações cruciais para que os empreendedores possam prever o comportamento futuro do mercado.
Além disso, desenvolvemos um sistema capaz de prever em tempo real o comportamento das águas em rios com até 15 dias de antecedência.
O Sistema de Previsão de Eventos Hidrológicos Críticos (SPEHC) pode ser usado por usinas hidrelétricas para prever vazões naturais afluentes e poder planejar melhor as suas operações, sazonalizando a geração de energia.
Com o SPEHC é possível se antecipar às variações da geração de energia causadas por fatores hídricos, permitindo inclusive saber a quantidade de energia que será gerada a cada hora do dia.
Nosso objetivo é auxiliar os atuais e futuros players no mercado livre nacional produzindo informações de qualidade para subsidiar a tomada de decisão no setor de comercialização de energia.
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