A demanda por informações sobre previsão do tempo e do clima cresceu rapidamente na última década e aumentará ainda mais nos próximos anos, em vista dos crescentes riscos climáticos, hídricos e ambientais extremos.
A geração e a prestação dos chamados serviços climáticos foram revolucionadas por supercomputadores, tecnologias de satélite, sensoriamento remoto e dispositivos móveis inteligentes. Assim como é o caso dos sistemas de previsão climática.
Uma parcela crescente dessas inovações veio do setor privado. Ao mesmo tempo, o progresso tem sido limitado por persistentes lacunas no sistema básico de observação, infraestrutura, financiamento e governança.
Prever o clima é mais do que olhar para o céu — é uma estratégia para proteger vidas, reduzir riscos e otimizar recursos.
Você sabia que diferentes horizontes de previsão meteorológica e hidrológica exigem abordagens, premissas e ferramentas totalmente distintas? E que combinar essas informações de forma inteligente pode transformar a tomada de decisão?
O desafio
De tempestades súbitas a secas prolongadas, cada escala temporal traz oportunidades e limitações. No curtíssimo prazo, nowcasting e radares meteorológicos oferecem alta precisão para horas ou minutos — ideal para ações emergenciais.
Já previsões sazonais, baseadas em padrões como o El Niño, ajudam a planejar meses à frente. Entre esses extremos, modelos numéricos e acoplados oceanos – atmosfera dão suporte a decisões operacionais de dias a semanas.
Determinístico x Probabilístico
Enquanto a previsão determinística mostra “um único cenário”, a probabilística revela o quanto podemos confiar nele, oferecendo percentuais e cenários alternativos. Isso é vital para decisões mais robustas em contextos de alto risco.
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O poder do “Ready-Set-Go”
Imagine um sistema que aproveita o melhor de cada horizonte de previsão:
- Ready – prever meses antes para planejar recursos e logística;
- Set – ajustar operações com previsões semanais;
- Go – agir com base em alertas imediatos de alta precisão.
O conceito de “seamless prediction” é como ter uma “linha do tempo” de previsão contínua — do agora até o futuro distante — sem “costuras” entre modelos, métodos ou escalas.
No contexto hidro-meteorológico, isso significa unir previsões meteorológicas e hidrológicas de curto, médio e longo prazo num só sistema integrado, melhorando a coerência e a utilidade para a tomada de decisão.
O resultado
A integração entre ciência, tecnologia e comunicação de incertezas está criando previsões mais úteis e confiáveis, permitindo que empresas, governos e comunidades estejam um passo à frente do clima.
Autoria: Erik Schmitt Quedi, Especialista em Recursos Hídricos na Fractal Engenharia e Sistemas.